A moda e a maneira como vivemos as roupas sempre caminharam juntas na história da humanidade e de todas as inovações tecnológicas. Hoje, vivemos um período de modernização, produções em escalas industriais grandiosas e, o que por muitos anos foi uma relação de amor, tornou-se mero consumismo, acelerado e banalizado, que impacta a vida de milhares de pessoas e o meio ambiente. Diante da importância de discutir assuntos como esse, é que o Fashion Revolution surgiu. Nos últimos cinco anos, marcas, consumidores, empresas e estudantes têm concentrado o foco na importância de se pensar sobre o ciclo de vida das cadeias de produção das indústrias de moda e como elas impactam o restante do mundo.
A origem do Fashion Revolution
Quando a moda começou a se desenvolver, as indústrias também começaram a perceber que eram capazes de produzir mais com menos, principalmente se estivessem instaladas em países na região da Índia e da China. Grandes marcas passaram a trabalhar dessa maneira, terceirizando seus processos, perdendo o controle do processo produtivo e mantendo trabalhadores em situações semelhantes à escravidão: remuneração extremamente abaixo do mínimo exigido para o mercado e uma quantidade absurda de horas extras, até 150 por mês em alguns casos. Porém, no dia 24 de abril de 2013, um prédio chamado Rana Plaza, em Bangladesh, que abrigava quatro fábricas de vestuário responsáveis por produzir para o ocidente, desabou. 1.133 pessoas morreram, em grande maioria mulheres e jovens, e outros 2.500 ficaram feridos. Devido ao que é considerado o 4º maior desastre industrial da história, e em homenagem a tantas vidas perdidas injustamente, foi criado o Fashion Revolution Day: um movimento global presente em 100 países, feito de pessoas que se unem para usar o poder da moda para mudar o mundo. O Fashion Revolution (24 de abril) e a semana Fashion Revolution (22 a 28 de abril de 2019) pregam que mudanças positivas podem acontecer se todos pensarem de forma diferente. Esse movimento defende que a moda seja uma força do bem e que a indústria têxtil pode e deve ser mais segura, justa, transparente e responsável, valorizando pessoas, o ambiente, a criatividade e o lucro de forma correta.
Impactos ambientais
Toda essa discussão é importante porque, além da tragédia em Bangladesh, o alto volume de produção do mercado têxtil, em tão pouco tempo, está matando o planeta. Muita água e produtos químicos são utilizados no processo, além de espaços em terrenos e energia. Para que se tenha uma ideia, o plantio do algodão usa 22,5% dos inseticidas e 10% dos pesticidas do mundo. As tintas contêm produtos químicos perigosos que penetram o solo, contaminam os rios e o lençol freático. Na China, alguns rios são até vermelhos. Mas, além do processo produtivo, o descarte também merece atenção. No ano passado, 73 milhões de toneladas de têxteis foram consumidos e apenas 20% dos resíduos foram descartados. 350 mil toneladas foram para aterros, ocasionando a liberação de metano, que entra na camada de ozônio. Você sabia que para produzir apena uma camiseta são gastos 2.720 litros de água? Isso equivale ao que bebemos em 3 anos! Definitivamente, precisamos comprar menos roupas, tomar decisões conscientes sobre as roupas que compramos, usá-las por mais tempo e aproveitá-las mais.
“Quem fez minhas roupas?”
De 291 grandes marcas, somente metade delas sabe onde suas roupas são fabricadas e só 12 conhece a origem de seus botões, zíperes e etc. Nós consumidores, e pelo visto, grande parte das empresas, não sabemos quem faz e quem está envolvido nos processos. Da mesma forma que os envolvidos na fabricação de uma peça não sabem quem a compra. Para incentivar as pessoas a conhecerem mais sobre suas roupas e quem está envolvido no processo produtivo, o Fashion Revolution criou a #quemfezminhasroupas? O que o Fashion Revolution pede é a reconexão desses dessas duas pontas do processo. Além de conhecimento, informação e honestidade.
Como revolucionar?
Para se engajar à causa, no dia 24 de abril, vire sua roupa do avesso ou deixe a etiqueta à mostra e tire uma selfie. Poste no Instagram com a #quemfezminhasroupas? Marque a marca que você está vestindo para incentivá-la a responder também. Algumas marcas podem não responder, outras podem responder superficialmente e em detalhes. Vivencie essa experiência! Postar a foto e iniciar esse diálogo no dia 24 e durante a semana do Fashion Revolution é importante. Mas, mais ainda, precisamos ser curiosos e fazer algo no dia a dia. Pense onde e do quê suas roupas foram feitas. Imagine o dia a dia trabalhando nesses lugares, quem está envolvido na produção e como deve ser a vida dessas pessoas.
O que precisa mudar?
Precisamos cada vez mais ter em mente que atitudes precisam ser tomadas. O Fashion Revolution incentiva a mudança de 3 pilares da cadeia produtiva da moda. Lembre-se de cada um deles e em seu dia a dia aja para que consiga ver a evolução, mesmo que apenas no ambiente em que você vive. Pequenos passos formam grandes caminhadas! Modelo – a moda se modernizou, por isso o funcionamento da indústria precisa ser repensado. Material – e os impactos negativos que eles podem causar no meio ambiente. Mentalidade – devemos sempre pensar no que vestimos e porquê vestimos. Questione-se! Parece uma tarefa difícil, mas todos juntos são capazes de mudar a realidade para melhor. Você, em seu dia a dia, pode prestigiar novos designers, use peças artesanais, alugar roupas, ir a brechós e doar peças antigas.
Fashion Revolution 2018
No ano passado essa ação teve um alcance de 250 milhões de público com a #quemfezminhasroupas? Foram 173 mil posts, 3.838 marcas respondendo aos consumidores e trabalhando para um mercado mais transparente e justo. Em 2019, a tendência é que ainda mais marcas e públicos estejam engajadas com essa semana poderosa na indústria têxtil mundial.
Círculo na semana Fashion Revolution
A Círculo, uma incentivadora do trabalho de quem faz arte com as próprias mãos, não poderia ficar de fora dessa iniciativa, e por mais um ano abraçará a causa do Fashion Revolution internamente e com nosso Time de Artesão e funcionários. Sabemos que o artesanato não é apenas uma arte manual, mas sim um canal que aproxima consumidores e artesãos. Durante o Fashion Revolution, essa ligação fica ainda mais intensa, pois faz com que o artesão seja questionado e precise responder sobre o processo produtivo de suas peças também. O mais bonito sobre essa data, é que ela provoca conscientização em grandes e pequenos setores da moda, nos mais diferenciados nichos e estilos. E, mais do que isso, o Fashion Revolution movimenta a economia, pois incentiva o consumo local e fortalecer o giro de capital regional. Por isso, de 22 a 28 de abril teremos atividades que nos farão refletir por alguns momentos sobre o que importa de verdade no consumo da moda. Teremos dentro da empresa, em um ambiente de grande circulação, uma placa informativa que vai explicar a essência do Fashion Revolution para que todos os funcionários estejam cientes e engajados ao que está acontecendo. Cada um poderá participar da ação da postagem da selfie com as placas disponibilizadas por nós, com as #, e marcando o @fashionrevolution e a Círculo. Nosso Time de Artesãos também estará por dentro do movimento e ativo nas redes sociais, incentivando seus seguidores e fazerem o mesmo. No dia 25/04 (quinta-feira) teremos um bate-papo seguido de uma visita guiada às 18h30 dentro da fábrica para os interessados a conhecer nosso processo produtivo. Para participar do Bate-papo Fashion Revolution basta inscrever-se
neste link e garantir sua vaga. A visita será gratuita e comportará cerca de 30 pessoas. Nosso especialistas Osni de Oliveira Junior (diretor de Marketing), Rodrigo Zen, (consultor especialista em pesquisa e criação de produtos de moda) e Marcelo Detzel (coordenador de Qualidade e Laboratório na Círculo S/A e professor dos cursos de graduação em Engenharia de Produção, Engenharia Química e Química e Design) promoverão uma conversa sobre nosso processo produtivo com os participantes e depois farão uma visita guiada pela fábrica atentando-se à importância da sustentabilidade nas fabricações. Tudo deverá ser registrado em vídeo e após o evento teremos um making off de todas as ações realizadas. Aguarde!
Utilize a #
Engaje-se e questione as marcas das peças que você tem em casa. Saiba dizer quem fez suas roupas e promova um processo de moda consciente e sustentável. Lembre-se de marcar a Círculo em todas as suas criações utilizando a #semprecirculo.